segunda-feira, 11 de abril de 2011

Como falar de Deus a Realengo ?


É hora de Chorar

No dia 7 de abril de 2011, a nação Brasileira foi abalada por um atentado em massa, um jovem armado entrou em uma escola em Realengo cidade do Rio de Janeiro, desferindo tiros a queima roupa em adolescentes, onde 12 veio a falecer.

Assistindo as cenas da barbárie pela televisão, crianças sangrando, a revolta da sociedade e a dor dos familiares e pais das vitimas, como formando em teólogo e futuro pastor, me fiz uma pergunta:

-- Como falar de Deus para essas pessoas?

Em tese quando religiosos fundamentalistas propõem tais respostas, não responde a esse infortúnio a partir do sofrimento humano, mais partem em defesa da imagem que eles possuem de Deus.

O que eu iria dizer para essas famílias como um cristão?Como confortar tanta dor e angustia?Não posso chegar e dizer que foi a vontade de Deus, por que Deus é vida, não faz sentido dizer isso para pais que perderam seus filhos por um psicopata frio e calculista, por que entre “ aspas” estaria dizendo que Deus não fez nada, como dizer para eles que Deus virou as costas para seus filhos na flor da idade por desfrutar uma vida.

Como eu posso dizer que Deus tem um propósito, Deus é pleno e para realizar seus objetivos não pode usar o mal, é como se em um jogo Deus estivesse perdendo e pra ganhar ele fosse obrigado e tentado a usar a carta do mal, Deus é Deus não poder ser tentado por nada, como já disse e pleno completo em si mesmo, Deus é amor.

A busca do ser humano por respostas, arranca toda sensibilidade do homem, a ciência não se preocupa em possuir todas as respostas, e por que a religião tem que obter todas as respostas?

Deus não carece de quem o defenda, Deus é Deus e pronto, quando tentamos buscar essas respostas, esquecemos do ser que sofre, e daí damos respostas frias, vazias, sem sentimentos, pois quem conhece Deus? Quem o viu? Só o conhecemos por relacionamentos subjetivos, e a única coisa que temos são imagens de Deus, e como a nossa imagem de Deus e seu filho Jesus Cristo quero partir daqui uma resposta.

No capitulo 11 do evangelho segundo a João, o escritor vai relatar um momento triste de duas irmãs que acabara de perder seu irmão, Marta e Maria, Jesus chega quatro dias depois de Lazaro ter falecido.

Jesus vai dialogar com Marta e dizer que ele ressuscitará, que era uma esperança escatológica (fim dos tempos) dos judeus, mais essas palavras não confortaram Marta, é bem claro no relato que ela nem tem condições de entender o que Jesus disse, as palavras de Jesus soam frias, vazias, as palavras de Jesus não consegue acalmar e nem consolar as duas irmãs.

Só resta a Jesus chorar, Jesus ao ver, assistir a angustia dessas duas irmãs fica extremamente sentido com a situação, e chora.

Em horas de tanta dor e sofrimento, respostas não serve como consolo, não ameniza a dor, e muitas das vezes fazem muitas pessoas se revoltarem contra Deus, como tais frases.

“Deus sabe o que faz, Deus tem um propósito”.

Há um mês o Japão passou por um tsunami que abalou o país, uma usina nuclear, muita morte e tristeza, mas vi muita gente ousando em dizer é a mão de Deus contra aquela nação idolatra.

Saí em defesa da vida dizendo:

-- Não é a mão de Deus.

Hoje fico pensando, algumas nações hoje podem estar dizendo é a mão de Deus contra o Brasil, um país cheio de corrupção e pornografia.

Só nos resta fazer o que Jesus nosso meigo mestre fez, assim como ele chorou com Marta e Maria, só podemos chorar com os que chorão.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A caixa


Falando de Deus Fora da caixa.

Poucos sabem que tenho a mania, na realidade o defeito de esquecer as coisas, pertences pessoais, acabo deixando-os em lugares que nem sei onde coloquei, em fim. Essa semana fui cortar o cabelo e esqueci meu celular lá, isso é normal no meu cotidiano.

Havia procurado o celular e não encontrado, percebi que só podia ter deixado no cabeleireiro, era por volta de umas 9:00, o cabeleireiro ainda não havia aberto o salão, encostei minha moto do outro lado da rua e fiquei sentado na moto esperando o mesmo abrir.

Neste momento estava passando um grupo de TJ’s (testemunhas de Jeová), uma das mulheres passou por mim e me fez uma pergunta:

-- Oi moço você crê na bíblia?

Fui bem evazivo em minha resposta pois pretendia saber o que ela faria, respondi a ela:

-- Não.

Ela me deu um bom dia e foi embora.

Na verdade eu já sabia que ela iria fazer isso, mas o grupo deles tinha mais pessoas, e vinha vindo mais umas irmãs atrás, e sabia que elas iriam fazer a mesma pergunta, dito e feito duas mulheres perguntaram?

-- Você crê na bíblia?

Respondi:

-- Se eu disser que não você vai ter a mesma atitude que a outra irmã do seu grupo teve, vai me dar bom dia e sair? Perguntei:

-- Se eu não crer na bíblia você não vai me falar de Deus ?
Ela até tentou conversar comigo, mas não conseguiu falar comigo sem usar o texto bíblico.

Essa é a grande mazela religiosa fundamentalista, não saber falar de Deus sem usar um texto bíblico, sem usar a bíblia, eu chamo isso de não saber falar de Deus fora da caixa, caixa essa por sua vez seria um pensamento base, uma instiuição, que prende, enclausura o pensamento sobre Deus, é como se Deus pra ser Deus tem que caber e estar dentro deles, se não, não é Deus, é como se Deus coubesse dentro dessa caixa, de nossas leituras rasas e conheciemntos humanos, Deus é muito mais que um texto.

Se conseguir fazer isso com Deus ele deixa de ser Deus, só isso.

É bem verdade que todo nosso raciocínio lógico, nossa dogmática, nossa expressão de fé, nossa apologética parte da bíblia, nossos conceitos sobre Deus parte de nossa herança religiosa seja ela, católica, protestante, mulçumana, ou qualquer outro grupo religioso.

O grande desafio é falar de Deus pra quem não crê na bíblia, deu pra perceber legal que as TJ’s tinham um discurso bem preparado para o seu proselitismo, versículos isolados, seja ele do novo ou do velho testamento, de onde já sabemos surgem os maiores erros de interpretações bíblicas, de pequenos versículos pessoas matam em nome de Deus, ao pegarem esses textos isolados, não lançam mão de ferramentas importantíssimas de interpretação, que seria a exegese e a hermenêutica bíblica.

Conversando com elas, sempre diziam:

-- por que a palavra de Deus diz.

Caia uma chuva de versículos isolados, sabe aquelas respostas prontas elaboradas em estudos bíblicos, pois bem são essas, daí uma dialética nascer nos é quase impossível, pois elas não iriam abrir mão de sua verdade teológica, elas te me ouviram, por educação, mas a interpretação delas eram sempre verdadeiras.

Não entrando em por menores de nosso dialogo, é bem claro que religiosos fanáticos não sabem falar de Deus a não ser por outro viés, por outro caminho, ele reproduz aquilo que ouve em sua instituição religiosa, ele não é incentivado ao autoconhecimento, a aprender a buscar suas respostas, ai me pergunto por quê? Por que eles não são incentivados?

Isso é bem claro, por que na busca do autoconhecimento, ele vai ter contado com outras opiniões, outros pensadores, que vão fazer criticas e até mesmo desconstruir o pensamento e os fundamentos que são ensinados em sua instituição, e outra, quando o fiel saber disso vai questionar profundamente o sistema, e logo o mesmo será taxado de herege, excluido, ou convidado a se retirar.

Por isso o estudo da sentinela, das revistinhas de escola dominical, e na ânsia de atender o pedido de alguns fieis por conhecer melhor sua fé, pastores de quinta até tentam dar algumas aulas de teologia onde ele mesmo ensina, para que ninguém toque na construção dogmática de sua instituição, nos fundamentos de sua fé que muitas das vezes mal sabe ele de onde vem, deveria se mudar o ditado que diz:

-- A voz do povo é a voz de Deus.

Deveria ser:

-- A voz do pastor, do ancião é a voz de Deus.

Falar de Deus por outro caminho exige-se, uma mente multidisciplinar, interdisciplinar, um vasto conhecimento filosófico, antropológico, entre outras ferramentas de estudo.

Fico a lembrar de Paulo no areópago em Atenas na Grécia, ele não chega para os gregos e diz:

-- eu venho lhes apresentar Jesus o cordeiro de Deus.


Os gregos poucos se interessam na religião judaica, eles não sabem o significado do cordeiro na expiação judaica, não faz sentido Paulo usar referencias internas de sua cultura judaica para discursar sobre Jesus com eles, mais Paulo conhece bem o pensamento grego, aluno de Gamaliel fariseu influenciado pelo pensamento grego, Paulo vai encontrar no panteão de deuses gregos, o Deus desconhecido, e fala de Jesus.

É claro que Paulo vai enxertar Jesus na imagem do Deus desconhecido, juntar o conhecimento jucadico-critão, com o pensamento helênico, mais isso requer conhecer das duas correntes de pensamento, e é isso que as instituições religiosas em sua maioria não faz com seus fieis, antes lhes dão respostas prontas, os manipulam, os fazendo de marionetes, por temerem a autonomia de seus fieis e sua futura perca, em nome de Deus lhes arrancam a liberdade de pensarem por si próprio.

O mundo precisa de pessoas que saibam falar de Deus com singeleza, mais com profundidade, como diz Ricardo Gondim:

Saber ser profundo sem ser confuso, ser simples sem parecer simplista, ser acessível sem ser superficial, que as pessoas ao nos ouvirem falar de Deus, repitam o que disseram de Jesus, nunca ouvimos alguém como esse homem falou.

Keiker Oliveira, a Voz de Denuncia, graça e paz.