sexta-feira, 8 de abril de 2011

A caixa


Falando de Deus Fora da caixa.

Poucos sabem que tenho a mania, na realidade o defeito de esquecer as coisas, pertences pessoais, acabo deixando-os em lugares que nem sei onde coloquei, em fim. Essa semana fui cortar o cabelo e esqueci meu celular lá, isso é normal no meu cotidiano.

Havia procurado o celular e não encontrado, percebi que só podia ter deixado no cabeleireiro, era por volta de umas 9:00, o cabeleireiro ainda não havia aberto o salão, encostei minha moto do outro lado da rua e fiquei sentado na moto esperando o mesmo abrir.

Neste momento estava passando um grupo de TJ’s (testemunhas de Jeová), uma das mulheres passou por mim e me fez uma pergunta:

-- Oi moço você crê na bíblia?

Fui bem evazivo em minha resposta pois pretendia saber o que ela faria, respondi a ela:

-- Não.

Ela me deu um bom dia e foi embora.

Na verdade eu já sabia que ela iria fazer isso, mas o grupo deles tinha mais pessoas, e vinha vindo mais umas irmãs atrás, e sabia que elas iriam fazer a mesma pergunta, dito e feito duas mulheres perguntaram?

-- Você crê na bíblia?

Respondi:

-- Se eu disser que não você vai ter a mesma atitude que a outra irmã do seu grupo teve, vai me dar bom dia e sair? Perguntei:

-- Se eu não crer na bíblia você não vai me falar de Deus ?
Ela até tentou conversar comigo, mas não conseguiu falar comigo sem usar o texto bíblico.

Essa é a grande mazela religiosa fundamentalista, não saber falar de Deus sem usar um texto bíblico, sem usar a bíblia, eu chamo isso de não saber falar de Deus fora da caixa, caixa essa por sua vez seria um pensamento base, uma instiuição, que prende, enclausura o pensamento sobre Deus, é como se Deus pra ser Deus tem que caber e estar dentro deles, se não, não é Deus, é como se Deus coubesse dentro dessa caixa, de nossas leituras rasas e conheciemntos humanos, Deus é muito mais que um texto.

Se conseguir fazer isso com Deus ele deixa de ser Deus, só isso.

É bem verdade que todo nosso raciocínio lógico, nossa dogmática, nossa expressão de fé, nossa apologética parte da bíblia, nossos conceitos sobre Deus parte de nossa herança religiosa seja ela, católica, protestante, mulçumana, ou qualquer outro grupo religioso.

O grande desafio é falar de Deus pra quem não crê na bíblia, deu pra perceber legal que as TJ’s tinham um discurso bem preparado para o seu proselitismo, versículos isolados, seja ele do novo ou do velho testamento, de onde já sabemos surgem os maiores erros de interpretações bíblicas, de pequenos versículos pessoas matam em nome de Deus, ao pegarem esses textos isolados, não lançam mão de ferramentas importantíssimas de interpretação, que seria a exegese e a hermenêutica bíblica.

Conversando com elas, sempre diziam:

-- por que a palavra de Deus diz.

Caia uma chuva de versículos isolados, sabe aquelas respostas prontas elaboradas em estudos bíblicos, pois bem são essas, daí uma dialética nascer nos é quase impossível, pois elas não iriam abrir mão de sua verdade teológica, elas te me ouviram, por educação, mas a interpretação delas eram sempre verdadeiras.

Não entrando em por menores de nosso dialogo, é bem claro que religiosos fanáticos não sabem falar de Deus a não ser por outro viés, por outro caminho, ele reproduz aquilo que ouve em sua instituição religiosa, ele não é incentivado ao autoconhecimento, a aprender a buscar suas respostas, ai me pergunto por quê? Por que eles não são incentivados?

Isso é bem claro, por que na busca do autoconhecimento, ele vai ter contado com outras opiniões, outros pensadores, que vão fazer criticas e até mesmo desconstruir o pensamento e os fundamentos que são ensinados em sua instituição, e outra, quando o fiel saber disso vai questionar profundamente o sistema, e logo o mesmo será taxado de herege, excluido, ou convidado a se retirar.

Por isso o estudo da sentinela, das revistinhas de escola dominical, e na ânsia de atender o pedido de alguns fieis por conhecer melhor sua fé, pastores de quinta até tentam dar algumas aulas de teologia onde ele mesmo ensina, para que ninguém toque na construção dogmática de sua instituição, nos fundamentos de sua fé que muitas das vezes mal sabe ele de onde vem, deveria se mudar o ditado que diz:

-- A voz do povo é a voz de Deus.

Deveria ser:

-- A voz do pastor, do ancião é a voz de Deus.

Falar de Deus por outro caminho exige-se, uma mente multidisciplinar, interdisciplinar, um vasto conhecimento filosófico, antropológico, entre outras ferramentas de estudo.

Fico a lembrar de Paulo no areópago em Atenas na Grécia, ele não chega para os gregos e diz:

-- eu venho lhes apresentar Jesus o cordeiro de Deus.


Os gregos poucos se interessam na religião judaica, eles não sabem o significado do cordeiro na expiação judaica, não faz sentido Paulo usar referencias internas de sua cultura judaica para discursar sobre Jesus com eles, mais Paulo conhece bem o pensamento grego, aluno de Gamaliel fariseu influenciado pelo pensamento grego, Paulo vai encontrar no panteão de deuses gregos, o Deus desconhecido, e fala de Jesus.

É claro que Paulo vai enxertar Jesus na imagem do Deus desconhecido, juntar o conhecimento jucadico-critão, com o pensamento helênico, mais isso requer conhecer das duas correntes de pensamento, e é isso que as instituições religiosas em sua maioria não faz com seus fieis, antes lhes dão respostas prontas, os manipulam, os fazendo de marionetes, por temerem a autonomia de seus fieis e sua futura perca, em nome de Deus lhes arrancam a liberdade de pensarem por si próprio.

O mundo precisa de pessoas que saibam falar de Deus com singeleza, mais com profundidade, como diz Ricardo Gondim:

Saber ser profundo sem ser confuso, ser simples sem parecer simplista, ser acessível sem ser superficial, que as pessoas ao nos ouvirem falar de Deus, repitam o que disseram de Jesus, nunca ouvimos alguém como esse homem falou.

Keiker Oliveira, a Voz de Denuncia, graça e paz.

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